Deixe que deite em seu colo e tenha sonhos de criança; permita-me ter medo e confessá-lo; deixa que eu solte meu ser por campos onde seja possível andar sem jogos, sem temores e mentiras.
Acolha-me.
Acolha-me.
E guarde em seus braços meus infantis segredos, minhas dúvidas de gente grande, meus sentimentos de ser pequeno; faça com que eu deixe o mundo lá fora por apenas alguns instantes e assim, que dentro de mim possa encontrar alguma razão real para ainda estar viva.
Acolha-me.
Acolha-me.
Norteai-me pelo seu olhar, mostre-me luzes que não mais vejo, segure minhas mãos com o carinho que não mais conheço, seca meu choro com palavras reais sobre um mundo tão distante de onde vim.
Acolha-me.
Acolha-me.
Traga-me a paz em forma de gestos; não apenas me diga, mas mostre-me, decora meu rosto com desenhos feitos com seus dedos, com linhas que novamente me liguem ao mundo doce e terno das possibilidades de ser mais do que a herói de uma noite, a vilã de um amanhecer.
Acolha-me.
Acolha-me.
Dê guarida ao meu fugitivo, ao meu insistente ser, ao que resta dos meus exércitos de bondade e luz. Semeia em meu corpo gestos puros e leves, guarda minhas costas para que eu possa enfim dormir, para que me sinta na casa dos seus braços como uma viajante que finalmente chegou.
Acolha-me.
Acolha-me.
E não peça nome e nem documento; não me fale daquilo que eu não possa lhe dar e você possa me pegar e perder com as mãos.
Acolha-me.
Acolha-me.
E olhe dentro dos meus olhos; busque por mim, grite num sussurro meu nome e tira-me disso tudo enquanto ainda há o que tirar.
Acolha-me.
Acolha-me.
E com a tinta do seu amor escreva comigo uma história bonita, destas onde o amor existe. Segue comigo num cavalo branco numa noite de lua para um lugar qualquer, que mesmo existindo apenas em nossa comum imaginação, será uma ilusão segura que me fará de novo viver.
Acolha-me.
Acolha-me.
Preciso de seus braços para de novo poder viver.
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